segunda-feira, 30 de junho de 2014

Florir Armamar e o jardim autóctone


(fotos de Rafael Carvalho, in www.jardimautoctone.blogspot.pt)

Para o caso de algum dos seguidores deste blogue não ter visto o jardim autóctone de Rafael Carvalho, não resistimos a publicar uma entrada sobre a candidatura do seu jardim ao concurso florir armamar publicada aqui: http://jardimautoctone.blogspot.pt/2014/06/florir-armamar-apresentacao-do-meu.html

Escusado será dizer qual a decisão que o júri deverá tomar, mas o facto é que devem ser poucos os jardins privados em Portugal que tenham levado tão bem e tão longe a utilização das espécies autóctones num jardim que se quer bonito, de baixo custo de manutenção e integrado no ecossistema.

A colecção de fotos e o texto que as acompanham merecem uma leitura atenta de todos os que cada vez mais se interessam por flora autóctone. Sobretudo daqueles que na hora de escolher ainda possam ter duvidas de quais as espécies que podem utilizar.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O S. João e os Alhos-porros!

Allium ampeloprasum

Como já vem sendo hábito, não perdemos uma oportunidade para a propósito das nossas tradições introduzirmos algumas das plantas cujas sementes dispomos em catálogo. A intenção não é apenas comercial, procura sobretudo ilustrar a forte ligação que o Homem estabeleceu ao longo dos séculos com muitas plantas atribuindo-lhe valor e significado particulares.

E como dentro de algumas horas se irá festejar em diversas localidades, nomeadamente no Porto, o S. João, aproveitamos para escrever algumas linhas sobre os alhos-porros. É certo que hoje em dia os martelos de plástico adquiriram maior visibilidade mas mais logo ainda será possivel ver muitos foliões a espanarem as inflorescências dos alhos na cara dos que passam.

Tradicionalmente o S. João, assim como, estamos em crer, os restantes, santos populares, eram festividades pagãs associadas ao solstício de Verão ao culto do sol e à celebração da fertilidade. Posteriormente assimiladas pela Igreja, que lhes atribuiu um santo, as festas não perderam todavia o seu lado ancestral. 

No caso do S. João o espírito de brincadeira  e de namoro continua bem presente na simbologia fálica atribuída ao alho-porro que os rapazes esfregavam na cara das raparigas. Por outro lado era (e é ainda) tradição as raparigas esfregarem ramos de cidreira na cara dos rapazes, simbolizando os órgão sexuais femininos.

Tradições à parte, o facto é que os alhos têm também uma valia ornamental que muitas vezes nos passa despercebida. No caso dos alhos-porro, ancestrais do alho-françês que utilizamos na cozinha, sendo das espécies nativas a que maiores proporções alcança não é difícil imaginar a sua utilização em jardins ou arranjos paisagísticos - algo que aliás é frequente admirar noutras paragens.

De salientar porém que esta não é a única espécie do género Allium com interesse ornamental. Das cerca de 20 espécies que ocorrem em Portugal, conforme nos diz a flora-on, há pelo menos mais uma dúzia que valia pena ter num jardim. Em rega são plantas que preferem solos secos e que não exigem qualquer tipo de rega pelo que os cuidados a ter são mínimos.

sábado, 21 de junho de 2014

Bem vinda a época das colheitas!



Hoje é o primeiro dia do Verão! No dia mais longo do ano, damos as boas vindas à estação do ano preferida dos portugueses. A estação das férias grandes, da praia, das noites quentes, dos passeios pelo campo e claro!, das colheitas! A maioria da flora autóctone já floriu e está menos exuberante que na Primavera, preparando-se para sobreviver à falta de água dos próximos meses. Para nós é porém a altura de maior trabalho. É nesta altura que temos de colher uma boa parte das sementes que iremos semear no início do Outono!



A todos, os votos de um bom Verão e de boas colheitas!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Chicória



Para os mais afastados da flora que nos rodeia, a chicória é uma daqueles bons exemplos que se costumam dar para provar que as plantas não estão assim tão afastadas da nossa vida. Com efeito, quem não se lembra daquele anuncio dos anos 80 e inicios de 90 de uma marca que referia "...cevada, chicória e centeio, Brasa é a bebida que aquece...". Pois é, ainda hoje quase todas as bebidas substituítivas do café da manhã, feitas à base de cereais, têm na sua composição a chicória!

E quando constatamos que se trata da mesma planta cujas flores de azul acentuado observamos por esta altura em muitas bermas e campo não queremos acreditar!

Tudo nesta planta tem uso. As suas folhas ao inicio da Primavera podem ser utilizadas em saladas, sendo até mais ricas que as de alface!, as suas flores são comestíveis e as suas raízes são utilizadas, após serem torradas e moídas, na fabricação das bebidas feitas à base de cereais. Por outro lado, às infusões feitas com as suas folhas e flores são atribuídas propriedades medicinais ao melhorar o funcionamento do figado e ao estimular a secrecção de bilis.

A chicória, ou almeirão, como também é vulgarmente conhecida, é uma planta perene vivaz. Isto é dura vários anos renascendo todos os fins do Outono/inícios de Inverno. Mas antes de entrar no seu período de dormência, no final do Verão, presenteia-nos sempre com  generosa floração de delicadas e intensas flores azuis que se abrem durante o dia e se fecham ao fim da tarde.

E é esta a perspectiva que mais nos seduz nesta planta: a sua utilização como ornamental. É certo que por cá  pode ser considerado arrojado, mas com sensibilidade e bom senso é possível tirar o melhor partido do efeito que a sua floração proporciona  a fazer lembrar um véu azul em suspenso num canto do jardim!

domingo, 15 de junho de 2014

Duas flores especiais

Nigella damascena e Aquilegia vulgaris

É um facto que a Natureza atinge graus de sofisticação e perfeição elevados e que por vezes nos surpreendemos a nós mesmos exclamando que determinada coisa quase parece uma obra de engenharia ou de arquitectura tal a elaboração. É claro que esta exclamação encerra em si uma perspectiva enviesada da realidade. De facto não é a Natureza que quase consegue alcançar o Homem, mas o Homem que por vezes quase se aproxima da perfeição da Natureza, ela sim magistral no desenho das formas de vida que apurou ao longo de milhões de anos.

Vem esta ideia a propósito de duas flores que, a titulo de exemplo, nos intrigam pela "complexidade" das suas formas e desenhos. Na maioria das flores conseguimos perceber a funcionalidade do que observamos mas nestas Nigella damascena e Aquilegia vulgaris quanto mais observamos mais ficamos intrigados com a sua elaboração.

Ambas são plantas herbáceas singelas, anuais, que uma vez floridas perdem quase todo o interesse. Por isso, tê-las num vaso ou num cantinho do jardim é sobretudo cultivar um capricho estético apurado na observação da perfeição das pequenas coisas!

Nota - curiosamente ambas as flores, de géneros distintos,  pertencem à família das Ranunculaceae. Mais informação e boas fotos sobre a Nigella aqui (Dias com árvores), sobre a Aquilegia aqui (Botânico Aprendiz...).

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sementes de flora autóctone


Quando lançámos o projecto das sementes de portugal esta era uma das ideias que tínhamos em mente. E que conseguimos concretizar agora com a ajuda de muitos amigos que nos cederam fotos, se disponibilizaram para reverem os textos e que, claro, também deram o seu contributo com ideias e sugestões!

São cerca de 20 espécies que a partir de agora passam a estar disponíveis em diversas lojas de Norte a Sul do país, proporcionando a todos, e em especial aos que nos visitam, a a possibilidade de adquirirem sementes de algumas das espécies com maior potencial ornamental e paisagístico da nossa flora. Já falámos de todas elas aqui no nosso blogue mas gostamos tanto das novas embalagens que proximamente voltaremos a evidenciá-las.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Espigas purpura


Nepeta tuberosa

Depois do último post dedicado ao dia da espiga, deixamos hoje um pequeno apontamento para mais uma espécie com inegável valor ornamental mas que, ao contrário de noutros países, é pouco ou nada utilizada na nossa jardinagem.

Chamamos-lhe espigas purpura, porque é isso que as suas inflorescências - hastes com cerca de 60 cm a 1 metro de altura, nos fazem lembrar. O seu nome vulgar é erva-gateira, em inglês catmint.

Trata-se de uma planta perene vivaz, cujas raízes tuberosas garantem que todas as Primaveras renasce depois de quase desaparecer durante o Verão - Outono. Pertence à família das Lamiaceae a qual engloba géneros mais conhecidos como as mentas, os tomilhos ou o rosmaninho, para citar apenas alguns exemplos. 

Em Portugal é possível encontrá-la espontaneamente em solos calcários, geralmente secos e expostos aos sol, do Centro litoral, Alentejo e Algarve. Pelas pistas que a sua distribuição nos dá, poderemos dizer, sem grande margem de erro que é uma espécie muito pouco exigente seja em matéria orgânica seja de água.