domingo, 31 de agosto de 2014

As Sementes de Portugal em Serralves


A Fundação de Serralves dispensa apresentações - É tão somente uma das instituições publicas que maior projecção e reconhecimento trouxe para Portugal, e sobretudo para a cidade do Porto e a região Norte, nas últimas décadas.

A sua acção, seja ao nível da arte contemporânea seja da educação ambiental, é uma referência consistente e a sua programação ao longo do ano fazem de cada visita à casa-jardim-parque-museu de Serralves uma possibilidade de contactarmos com o que de melhor temos e fazemos!

Estarmos presentes na loja da Fundação de Serralves é pois muito mais do que estarmos em "mais um ponto de venda". É a possibilidade de, certa forma, passarmos a fazer parte de uma realidade que muito admiramos e apreciamos.

Em conjunto com os responsáveis da loja e parque de Serralves, foram seleccionadas 9 espécies nativas de portugal, das muitas que podem ser observadas nos bosques, campos da granja e jardim de aromáticas. E que agora passam a estar ao dispor de todos aqueles que quiserem levar um pouco da diversidade que Serralves nos oferece todo o ano em plena cidade do Porto!



domingo, 17 de agosto de 2014

Bagas de Verão II

Amoras e Camarinhas!

É certo que existem outras bagas de Verão de que poderíamos falar, mas este ano ficamos-nos por mais estas duas. Não que sejam espécies em que depositemos grandes expectativas comerciais! São todavia e provavelmente as bagas mais reconhecidas e apreciadas neste mês de Agosto.

As amoras, que são a parte boa das silvas!, têm méritos reconhecidos. Há quem as coma directamente ao passar por elas e há quem faça geleias e compotas. Hoje em dia já fazem parte de inúmeros produtos que se encontram nos supermercados ostentando a designação de frutos silvestres ou vermelhos a par dos mirtilos e framboesas. E, tanto quanto sabemos, existem arbustos que produzem bagas similares. Mas as genuinas e originais são as produzidas pelas espécies Rubus, familia das Rosaceae. 

E uma consulta ao portal flora-on permite-nos constatar que nem as silvas são todas iguais. Em Portugal está inventariada a ocorrência de 16 espécies diferentes, sendo que a que possui a distribuição mais generalizada é a da espécie Rubus ulmifolius.

Quanto às camarinhas, um arbusto frequente nas dunas e arribas e que pertence à família das Ericaceae, quem já passou férias na costa ocidental de Portugal já as conhece. E se as provou ficou de certeza fã do seu sabor ligeiramente ácido mas refrescante - sempre a calhar depois de um dia sol e mar no caminho de regresso a casa.

Já houve tempos em que na Nazaré e em outras localidade de veraneio era usual encontrar estas bagas à venda na beira dos passeios. E hoje há já quem se aventure com bons resultados a confeccionar geleia de camarinha.

Mas se há humanos que ainda duvidam das qualidades destas duas bagas, os pássaros mais diversos só agradecem. Nesta altura do ano são uma excelente e abundante fonte de alimento.

Como seria de esperar, dispomos de sementes de ambas. São plantas que num jardim só enriquecem o ecossistema! No caso das silvas não há que duvidar e o Parque da cidade do Porto prova que os "maciços" de silvas lá plantados fornecem alimento e abrigo às mais diversas espécies. Não é pois uma planta incómoda a erradicar de um jardim. Pelo contrario, basta saber tirar partido dela.

Quanto á camarinha, que tem preferência por solos arenosos e que está habituada a Verões secos e com pouca água, só fazemos a ressalva de que as suas sementes, ao contrário das silvas, não são de germinação facilitada. Mas que não é impossível e alguns dos seguidores das sementes de Portugal têm tido na sua germinação um bom desafio na arte de fazer nascer coisas!

Adenda - Como é nosso hábito, depois de escrevermos, tal qual os bons cábulas, verificamos o que quem cá anda há mais tempo já escreveu sobre o assunto. Não vá termos escrito algum disparate! E todos eles são mais aprofundados que as linhas acima. Como tal e se estiverem curiosos em saber mais sobre estas duas espécies, é só seguir os links abaixo.

Sobre as amoras silvestres:


Sobre as camarinhas:

Dias Com árvores - A ler, para descobrir que a camarinha é uma espécie dióica!

domingo, 10 de agosto de 2014

Bagas de Sabugueiro

Sambucus nigra

A propósito das bagas de Verão do último post, era claro para nós que haveríamos de voltar ao tema. Até porque há mais algumas bagas e respectivos arbustos que queremos evidenciar. Mas as de hoje eram, por diversas razões, prioritárias: As bagas de Sabugueiro!

Na realidade as bagas de sabugueiro são na realidade apenas um pretexto para escrevermos algumas linhas sobre uma espécie que até há alguns anos quase desconhecíamos e que hoje é uma das nossas preferidas, tais são as suas especificidades e qualidades!

E não sabendo por onde começar, começamos por admitir que em bom rigor apenas este ano observámos e colhemos bagas de Sabugueiro! Até há alguns anos atrás, Sabugueiro era para nós nome de localidade na Serra-da-Estrela. E levou alguns anos até percebermos que apesar de naturalmente se encontrarem mais no centro e norte de Portugal e junto a linhas de água, é, ainda assim, perfeitamente possível encontrá-los às portas de Lisboa e mais a sul e nem sempre em terrenos húmidos.

E só este ano é que conseguimos encontrar as suas bagas em sabugueiros carregados de fruto! E em bom tempo porque se há espécie cujas sementes tencionamos adicionar no próximo Outono ao nosso catálogo de saquetas, essa espécie é  esta!

Para começar convém dizer que o Sabugueiro é tecnicamente um arbusto que pode atingir 3 a 5 metros de altura. Porém, se for devidamente podado, pode apresentar-se também na forma de pequena árvore. De folha caduca, é dos primeiros a ganhar folhas novas no final do Inverno e na Primavera, cedo, cobre-se de cachos de flores brancas que no Verão dão lugar a generosos cachos de bagas de sabor agradável para humanos e, sobretudo, pássaros que delas se alimentam a bom ritmo!

Só pelo parágrafo acima estavam dadas as razões suficientes para resolver ter um sabugueiro no jardim ou no canto da horta. Mas as suas virtudes vão muito além disso.

Conhecido desde a antiguidade pelas suas propriedades medicinais, são inúmeras as aplicações  para as suas folhas, flores, casca do tronco e frutos. A infusão das suas flores secas tem indicações no tratamento de gripes e constipações e há quem enalteça um banho com as suas aromáticas flores frescas.

Quanto ás bagas e ao seu sumo, rico em vitaminas e antioxidantes,  estão hoje na base da cultura de sabugueiro nos municípios de Douro Sul. Uma cultura com uma importância económica crescente e no essencial orientada para a exportação com destino à Alemanha, Holanda e Dinamarca, onde o seu extracto é utilizado na fabricação de sumos, como corante ou matéria prima das indústrias alimentar e farmacêutica.

Tradicionalmente o seu sumo tinha aplicações como corante de vinho, entrando na composição do chamado vinho-a-martelo! 

E por fim, para o caso de ainda existirem leitores pouco convencidos, as suas bagas podem ser utilizadas juntamente com outros frutos vermelhos na confecção de tartes e compotas!

Nota - O sumo de sabugueiro é, sabemos nós, apreciado por outros povos europeus. Nada que nós não possamos começar a  apreciar também, embora seja de apurar com cautela a percentagem em que deve ser diluído para afastar eventuais e indesejáveis efeitos secundários! De experiência comprovada, se bebido puro, são inequívocos os efeitos laxantes! Para além das náuseas :)




sábado, 2 de agosto de 2014

Bagas de Verão

Sanguinho-das-sebes e Aderno-de-folhas-estreitas

A época das bagas por excelência é o Outono, mas a Natureza encarrega-se cedo de começar a fornecer algum alimento aos muitos seres-vivos que dela dependem. De forma orquestrada, diferentes espécies de plantas, arbustos e árvores vão amadurecendo sucessivamente os seus frutos ao longo do tempo, dando sustento e garantindo, em troca, a disseminação das suas sementes.

As que hoje vos mostramos, e que ao contrário de outras como as amoras ou as camarinhas não são por nós comestíveis, são das primeiras a aparecer no centro e sul do país. Carregadas de bagas vermelhas e pretas são, além da mais valia ecológica, arbustos com inegáveis qualidades ornamentais e paisagísticas que podem (e devem) fazer parte de qualquer jardim sustentável.

Aliás neste particular a dúvida que surge não é "se se podem utilizar" mas sim "porque é que não são mais utilizadas!".

O sanguinho-das-sebes, Rhamnus alaternus, deve o seu nome à cor do sumo dos seus frutos e que em tempos era utilizado como pigmento na industria de tinturaria. Já o aderno-de-folhas-estreitas*, ou lentisco como também é popularmente conhecido, com o nome botânico de Phillyrea angustifolia, é uma espécie aparentada com as oliveiras estando integrada na familia das Oleaceae.

Para terminar, evidencia em dois aspectos relevantes: são arbustos de folha persistente e extremamente resistentes às securas do Verão pelo que não exigem nem regas frequentes nem especiais cuidados!

* Aderno-de-folhas estreitas por "comparação"  com as do seu parente, mais largas, "Aderno-de-folhas-largas",  Phillyrea latifolia, uma pequena árvore com iguais e inegáveis qualidades. E a que voltaremos num dos nossos próximos posts.