terça-feira, 30 de setembro de 2014

As sementes de Portugal estão em Tavira


Quem já visitou o Algarve sabe da dificuldade em encontrar lojas que saiam do tradicional registo da casa-do-souvenir e do sortido das bolas de praia, budas de plástico, óculos-de-sol, espanta-espíritos dos Andes e toalhas-de-praia. 

Mas as coisas estão a mudar e já é possível depararmos-nos com novas lojas um pouco por todo o Algarve que procuram mostrar o que de melhor fazemos e que têm um cuidado especial na sua apresentação. Uma dessas lojas, e na qual estão as nossas sementes, é a Casa das Portas.

Na realidade a Casa das Portas, são três espaços, muito próximos entre si e que se situam na margem esquerda do Rio Gilão, junto ao início da ponte romana. E se Tavira não necessita de muitas linhas para explicar o quanto deve ser visitada, (senão é a cidade mais bonita do Algarve, é de certeza do sotavento algarvio), as lojas Casas das Portas também não. Aliás, passa-se na rua e pressente-se facilmente que é uma loja especial!

O que começou como uma galeria de Jane Gibbin, uma Galesa que se apaixonou pelo Algarve há cerca de 10 anos, dedicado à fotografia e às portas e janelas de Tavira, evoluiu nos últimos anos para três espaços com alma, onde é possível encontrar os mais diferentes objectos de Portugal e não só. Que partilham todos a mesma característica: além de bonitos são objectos provenientes do comércio justo. E como escrevem no seu site: objectos que " acima de tudo, têm uma beleza que dá vontade de admirar". O que é mesmo verdade!




domingo, 28 de setembro de 2014

As sementes de Portugal estão no Parque Biológico de Gaia


Escolhermos por onde começar a divulgar onde estão as nossas sementes, é quase tão difícil como escolher quais as espécies da nossa flora nativa que gostaríamos de evidenciar. Mas no caso do Parque Biológico de Gaia não não é difícil concluir que teria de ser um dos primeiros.

É possivelmente a instituição que em Portugal há mais tempo e de forma consistente tem, no terreno, trabalhado para a recuperação e preservação de espaços naturais e para a educação ambiental. E que fez com que Gaia possua simplesmente a política de preservação ambiental mais desenvolvida do nosso país.

É que hoje, o Parque Biológico de Gaia vai muito para além do espaço de 35 hectares que lhe serve de sede em Avintes. Inclui também a pioneira reserva natural do estuário do Douro ( de iniciativa inteiramente municipal), inclui o parque botânico de Crestuma, o cordão dunar e o parque da Lavadeira.

Espaços que preservam o essencial dos valores ambientais mas também culturais, como é o caso do Parque Biológico propriamente dito onde a par dos valores naturais se preserva a memoria do uso ancestral que as actividades humanas foram dando de forma harmoniosa ao vale do rio Febros, 

Quem tem filhos necessita obrigatoriamente de visitar o Parque Biológico de Gaia, mas quem não tem também. Além de excelentes instalações de acolhimento, o percurso de cerca de 3 km, por entre casas rurais, moinhos espigueiros, carvalhais e o rio Febros transportam-nos rapidamente para um tempo em que a nossa relação com o que nos envolve era bem menos agressiva que nos dias de hoje. E que convém não esquecer!

E como não há obra sem homens, uma palavra que para nós é sempre devida a todos aqueles que trabalham no Parque Biológico e que liderados pelo Eng. Nuno Gomes Oliveira provam que um sonho se pode concretizar com vontade todos os dias.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Os nossos catálogos de sementes

Catálogo de pacotes de sementes autóctones, disponível aqui.

A par do nosso catálogo geral de sementes, e cuja nova edição de 2014-2015 daremos a conhecer em breve, disponibilizamos desde o início do Verão um catálogo de pacotes de sementes das nossas espécies autóctones favoritas. Contendo neste momento 23 espécies, mas às quais juntaremos em breve mais algumas, não escondemos o quanto nos orgulhamos dele.

São 23 espécies tão distintas como o cardo-leiteiro, a murta, o medronheiro, a chicória ou a arruda. 23 espécies que para além das inegáveis qualidades ornamentais e estéticas pertencem ao nosso imaginário colectivo, que fazem também parte da nossa identidade cultural e que hoje é possível encontrar em cerca de 40 sítios de Norte a Sul de Portugal.

E são 40 sítios de que nos orgulhamos igualmente e muito. Não só por terem aceite de forma pioneira associar-se ao nosso projecto de valorização da nossa flora espontânea, mas por serem lojas, projectos  e instituições que trabalham e se esforçam todos os dias  para, nas áreas respectivas, apresentarem o que de melhor se faz em Portugal.  E com os quais nos identificamos. Pelo amor que colocam no que fazem e por acreditarem que é possível fazer bem. Sempre.

Já aqui apresentámos alguns sítios com as lojas da Vida Portuguesa e da Fundação de Serralves, mas nos próximos posts iremos dedicar-nos a dar-vos a conhecer todos os espaços fantásticos que, de Ponte de Lima a Tavira, passando pelo Porto, Lisboa e tantas outras localidades, vale a pena visitarem. Mesmo que não seja para comprar as sementes de Portugal!

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Outono




Dentro de algumas horas, mais precisamente às 3h29m de amanhã dia 23 de Setembro de 2014, de acordo com o Observatório Astronómico da Universidade de Lisboa, ocorre o equinócio de Outono assinalando-se "oficialmente" a mudança de estação.

Não que a não tenhamos já pressentido e observado ao longo dos últimos dias, pois este ano, além de um Verão envergonhado, as condições atmosféricas encarregaram-se de nos fazer sentir o Outono mais cedo. De qualquer das formas o momento exacto em que o dia iguala em duração a noite (equinócio tem esse significado em latim), é precisamente às 3h29 minutos e, à semelhança das estações anteriores, alteramos  a  imagem do cabeça e as cores do logotipo das sementes de Portugal. Que nos acompanharão durante os próximos 90 dias.

Ao contrário do que por vezes se houve dizer, de que devido às mudanças climáticas as estações estão trocadas ou que quase já não existem, a verdade é que em Portugal é possível usufruir de um ano com quatro estações bem delimitadas. À semelhança das outras estações, o Outono também tem o seu próprio charme. É verdade que os dias vão diminuindo de tamanho e que a melancolia se pode instalar, mas é também a altura de admirar a Natureza nas suas cores intensas de dourados vermelhos e castanhos. É a altura da luz filtrada e da humidade no ar. O momento de colher muitos dos frutos do Verão. De apanhar cogumelos e podar, de guardar lenha, de fazer compotas e preparar o Inverno.

E é também o momento para pensar em semear. Naturalmente, muitas das sementes das nossas espécies autóctones encontram no Outono as condições de luz e humidade propícias para que a vida que nelas existe desperte. Por isso, semear agora, numa altura em que tudo à nossa volta se encaminha para um período de dormência e de recobro de energias, é também um acto de esperança na nova vida que quer (sempre!) despontar.

Não há pois razões para chorar  o Verão que acaba. Pelo contrário, apenas as temos para tirar partido de um facto, do qual só é necessário aprender a usufruir. Um facto, que resulta "simplesmente" de estarmos nesta latitude do planeta Terra e de juntamente com ele viajarmos em volta do sol, a uma agradável e discreta velocidade de 30 kms/s ou 108.000 km/hora! Poderíamos ir mais depressa, mas é a velocidade aconselhada para percorrermos sem precalços de maior os 930 milhões de Kms que temos de fazer durante os próximos 365 dias.


Gráfico dispnível em http://www.hidrografico.pt/sabia-que-equinocio-primavera.php

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Flores de Verão II



Achilea ageratum


Definitivamente entrámos no Outono há pelo menos uma semana, mas vamos ser rigorosos com o calendário e aproveitar as pouco mais de 24 horas que nos restam até à mudança de estação para, in-extemis, falarmos de uma outra planta nativa cujas inflorescências de Verão merecem a nossa atenção. Há muitas outras que ficaram por salientar, mas haverá outras oportunidades nos futuros verões.

A Achilea ageratum, também conhecida como agerato, macela-francesa ou erva-copada-de-são-joão, é relativamente frequente em locais húmidos de todo o país e, por essa razão, vulgar nas bermas de caminhos e estradas onde prospera nas escorrências das águas das chuvas.

E é isso que a prejudica. Como se dissemina com alguma facilidade e é relativamente abundante, para a maioria de nós não passa de uma planta sem interesse. Até a vermos com olhos de ver. As suas inflorescências, um pouco a fazerem lembrar as da erva-do-caril ( é aliás, também uma planta da família das asteráceas ou compostas) ocorrem numa altura em que poucas mais flores há. Mas o seu interesse maior radica no aroma perfumado das suas flores que na idade média motivava a sua utilização como planta de cheiro, fresca ou seca, para perfumar as casas.

A isto acresce o facto de ser uma planta perene vivaz, que renasce todos os anos e de a partir dela se poderem extrair óleos essenciais com propriedades medicinais.

Embora tolerante à
seca gosta de ser bem regada na Primavera e prefere solos expostos ao sol. De resto não precisa de cuidados acrescidos!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Flores de Verão I


Perpétua-das-areias ou Erva-do-caril - Helichrysum italicum

Agora que nos damos conta de que faltam pouco mais de 10 dias para terminar oficialmente o Verão é que nos lembramos que na prática não publicámos nada sobre as flores de Verão. É certo que o Verão as tem em menor quantidade que a Primavera, mas ainda assim tem algumas que vale a pena evidenciar. E como o tempo escasseia, a termos de eleger uma planta cuja floração atinge o auge no Verão, escolhemos a perpétua-das-areias. Mais á frente e se ainda tivermos oportunidade falaremos das outras que também merecem o seu destaque.

Para começar convém dizer que sob a designação popular de perpétua-das-areias temos em Portugal duas espécies semelhantes: A Helichrysum italicum e a Helichrysum stoechas, sendo que a primeira se encontra de facto nas areias das dunas e arribas da nossa costa e a segunda, muito parecida, no resto do território sendo possível encontrá-la um pouco por todo o lado em sitios soalheiros de norte a sul de Portugal.

Embora ambas possuam um porte idêntico, sub-arbustivo com folhagem verde cinzenta, e exalando ambas um aroma a caril, estamos em crer que a Helicrisum italicum, que ocorre no nosso litoral, possui um cheiro mais intenso, estando na origem da Erva-do-caril que é possível encontrar nos hortos e centros de jardinagem. Dizemos na origem, e não a mesma espécie, porque  nos parece que as que normalmente se encontram  à venda poderem ser já um cultivar mais apurado. Mas esta é uma convicção que importaria confirmar!

De qualquer das formas, é inquestionável a mais valia da Perpétua-das-areias. Forma tufos simétricos de cor singular, cinza quase branco, e no Verão, sobretudo em Agosto, cobre-se de forma generosa de inflorescências amarelas, numa altura em que as outras plantas se encarregam de amadurecer as suas sementes. A isto, que não é pouco, acresce o aroma e as propriedades medicinais que o óleo produzido a partir dela possui: anti-inflamatórias, anti-oxidantes e anti-microbianas.

Por fim, de salientar que é uma planta que exige poucos ou nenhuns cuidados. Prefere solos leves, mas adapta-se a outros tipos desde que não sejam pesados e encharcados. Uma boa noticia portanto para quem quiser ter plantas  pouco exigentes de água ou nutrientes!

Nota - Como é evidente, outros ja escreveram mais e muito melhor sobre estas espécies! 
Nas planta e flores do areal, um artigo completíssimo aqui e no jardim autóctone, aqui, sobre a helichrysum stoechas, e donde transcrevo o parágrafo que explica preto no branco porque é que se chamam perpétuas e de que forma o seu nome científico lhe faz justiça! 

" Na Antiguidade, as flores do género Helichrysum eram muito utilizadas para fazer grinaldas, com que se coroavam os ídolos. Por conservarem por muito tempo a sua cor amarelo dourada, eram conhecidas pelo nome vulgar de imortais ou perpétuas, daí o seu nome. O próprio termo Helichrysum, que resulta da junção de dois termos gregos, hélios (sol) e chrysos (ouro), realça a cor das flores destas plantas. "