domingo, 3 de maio de 2015

E por fim, o Paraíso



Uma das questões fundamentais e  das mais importantes que a Humanidade tem tentado resolver ao longo dos séculos é esta. Onde está o Paraíso. É celeste ou pode ser terreno? Pode ser feito aqui e agora ou já existiu e está definitivamente perdido desde que Adão decidiu trincar aquela maçã? É uma questão muito complexa, de dúvida permanente. de inúmeras derrotas, algumas vitórias mas para qual não é possível uma conclusão segura e definitiva. 

Ha momentos de desespero em que nos parece que fomos mesmo expulsos e de que não há solução, entregues que estamos a um inferno prestes a tomar conta de tudo, Mas há outros momentos em que a angústia parece só poder dar lugar a uma imensa alegria.

Visitar Monserrate é deixarmo-nos invadir por essa imensa alegria que só se pode experimentar quando acreditamos que chegámos mesmo ao Paraíso. Ele existe, é possível e está em frente dos nossos olhos!

A melhor maneira de conhecer Monserrate é assim. Sem nunca ter visto uma foto prévia, caminhar desde Sintra. Entrar e descer uma vereda para por fim vislumbrar o palácio no meio da vegetação. Foi assim que o conhecemos em 1992. Fomos uns priveligiados sem o saber pois na altura não havia internet, existiam muito poucas fotos e Monserrate era administrado, imagine-se, pelos serviços da DIrecção -Geral de Florestas. Hoje esse efeito de surpresa é muito improvável (excepto para os ignorantes que tenham a inteligência de se deixar levar por um conhecedor) , pois Monserrate é hoje uma das principais atracções de Sintra, sobretudo desde que esta foi declarada Património da Humanidade. 

Mas mesmo sem esse efeito-surpresa é impossível não ter a certeza de que se chegou ao Paraíso quando se avista Monserrate.

Monserrate é uma historia de Amor. Não apenas de um só homem, mas de muitos homens e mulheres desde que Gerard de Visme comprou a propriedade, numa altura em que a serra de Sintra era basicamente desprovida de vegetação!, há pouco mais de 250 anos. Já passou de mãos várias vezes. Francis Cook foi o que inquestionavelmente lhe deu mais esplendor, porém, muitos outros ficaram rendidos e a sua fama ultrapassou há bastante tempo as nossas fronteiras. Já teve períodos de decandência, seguidos de recuperação, novamente de decadência  e de recuperação outra vez.

E hoje, incrivelmente, é-nos oferecido recuperado e num dos seus melhores e mais vibrantes períodos. 

Não descurando a óbvia importância que o enquadramento proporcionado pela Sociedade Monte da Lua - parques de Sintra teve neste renascimento do melhor jardim que existe em Portugal, é de elementar justiça reconhecer que tal também só foi possível com o Amor que muitas pessoas dedicaram e dedicam ainda hoje a Monserrate, Individualmente ou integrados na Associação de Amigos de Monserrate, foram eles que nunca desistiram, que não se deixaram tomar pelo desalento e que dedicaram uma boa parte das suas melhores energias a recuperar este tesouro da Humanidade.

A Emma Gilbert e o Gerard Luckurst são duas dessas pessoas. Têm nomes ingleses, mas vivem em Portugal há décadas (na realidade são já dos nossos melhores portugueses!) e  têm estado ao longo dos últimos anos ocupados a fazer renascer Monserrate.

Concretizaram para nós um sonho que perseguimos desde sempre: Chegar ao Paraíso, Por fim. 

Obrigado!

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